Era uma vez uma menina chamada Deolinda que quando era mais pequenina adorava jogar à macaca, saltar à corda, jogar ao pião e andar de bicicleta. Aproveitava sempre para fazer estas coisas com as suas irmãs mais novas e com amigas.
Infelizmente a família daquela menina era muito pobre, então ela para poder brincar tinha que fazer os seus próprios brinquedos e ela fazia fisgas e bonecas de trapos, mas isso não era muito mau porque ela ao fazê-las já se estava a divertir e ao mesmo tempo a aprender. Como eram tempos difíceis, aquela menina depois de vir da escola, ajudava sempre a mãe a trabalhar no campo, ou a apanhar lenha no monte. E foi numa desses dias que estava a ajudar no campo que viu uma coisa que a marcou para toda a vida e que a assustou imenso. Ela viu o seu irmão a atirar-se ao poço. A menina ficou aterrorizada e não sabia o que fazer. Estava mesmo preocupada com o seu irmãozinho. Mas como a mãe também viu o que aconteceu, apressou-se a chamar os bombeiros que acabaram por salvá-lo. Mal ele chegou à superfície, a menina correu para abraçá-lo e mostrou-lhe o quanto estava preocupada com ele e o irmão apercebeu-se e agradeceu-lhe e disse que quando estava lá em baixo só estava a pensar como o iam salvar.
Mas desenganem-se se pensam que a vida desta menina foi só tristeza, ela também teve uma grande festa que se chama comunhão. Esta festa ficou-lhe para sempre na cabeça e no coração.
Quando ela completou 12 anos foi trabalhar para uma fábrica e começou uma nova jornada na sua vida.
Deolinda Melo, 2010
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